@CaioFRF

domingo, 23 de junho de 2013

A responsabilidade da educação é sua! Isso não é um absurdo!

" É preciso ter formação para receber a informação" - Fernando Leal (Mestre e inspiração).

Nos últimos dias pude acompanhar muita gente reclamando da educação do país. Também concordo que algumas coisas precisam ser mudadas, mas elas nada adiantaram se vocês não mudarem a forma de pensar o estudo, é preciso encara-lo de modo diferente do convencional (estudar pra ficar rico), entenda que o estudo é acima de tudo para você crescer como ser humano, para enriquecer o teu intelecto e tua compreensão das coisas, o que te levará a experiencias mais completas, profundas e realizadoras.

Eu faço parte de uma juventude imbecil, que quer conquistar tudo com pouco esforço, muita velocidade e sem nenhuma dificuldade, uma juventude que não quer estudar de verdade e se contenta com a média. O governo não tem cupa disso, você é responsável por essa área da tua vida. Não existe terceirização no estudo, ninguém vai levar o conhecimento até você, você é que tem que ir até o conhecimento. Ninguém ajuda ninguém a se formar, cada um faz isso por si. A falha dos estudantes ( das pessoas de um modo geral) do nosso país é exatamente essa, esperar que alguém faça algo, quando, na verdade, eles deveriam estar fazendo. O estudo é uma via de mão dupla.

Que apoio do governo tiveram os grandes pensadores, cientistas, artistas e etc da antiguidade? O máximo que o governo pode fazer é dar a estrutura, e ainda assim penso que só vale apena investir em estrutura em local que tem pesquisa acadêmica, o resto precisa só do básico.

Se questiona muito o investimento do governo (Eu não acho que apenas verba vá mudar a educação do país, é uma questão ideológica, como já disse), mas alguém cobra o estudante que cola, que compra trabalho pronto, que leva tudo nas coxas que só quer tirar o diploma sem dedicar o mínimo do seu tempo para o estudo? Alguém cobra as faculdades particulares que só estão preocupadas com o dinheiro em caixa e pouco se importam com os profissionais que ela forma? E os profissionais tem consciência de que uma falha na sua importância social como profissional pode prejudicar varias pessoas?

Se você vai a escola e não aprende nada a culpa é exclusivamente sua! Se você não leu o que deveria ter lido a culpa é da sua preguiça! Se hoje você não consegue passar em um vestibular ou se dar bem no mercado de trabalho, não culpe sua escola, culpe a si mesmo por nunca ter tido iniciativa. 

Agora eu Concordo que tem muito professor ruim, muitos mesmo, na minha vida acadêmica conto nos dedos os professores que realmente gostavam da sua profissão e a faziam com execelência, mas quanto a esse assuntou vou citar um trecho do livro " Guia politicamente incorreto da filosofia- Ensaio sobre a ironia" de Luiz Felipe Pondé, publicado pela editora Leya, é um trecho que vai da página 97 até a 98:

" Sou professor e gosto de dar aula, coisa rara na área. Na maioria dos casos, professores de universidades(ou não) são pessoas que, além de não gostar dos alunos, tem uma inteligencia mediana e foram, quando jovens, alunos medíocres, que fizeram ciências humanas porque sempre foi fácil entrar na faculdade de ciências humanas. Claro que quase todos pensavam em si mesmos como Marx ou Freud ainda não revelados. Ao final, o que se revela com mais frequência é alguém fracassado que ganha mal e odeia os alunos. Professores que normalmente não gostam de ler ou de estudar, mas dizem que esse pecado é apenas dos alunos. Há um enorme sofrimento na maioria dos professores porque têm que fingir o tempo todo que acreditam na importância do que fazem. A maioria sucumbe."

Não acho que essa falha seja só dos professores, são todos os profissionais. É um efeito domino, em algum momento da história o estudo foi perdendo o significado, e creio que o Etos do capitalismo infantilizador, a ideologia de produtivismo sem muito pensar ou questionar tenha feito o estudo perder seu significado(também o contingente é maior, o que significa mais gente medíocre no mundo), e isso foi passado pra frente até que chegamos no momento atual onde ninguém mais quer aprender nada, só querem frequentar a aula pra ter o diploma pra poder trabalhar pra comprar um Iphone.

Educação é uma questão muito mais profunda do que investimentos e  verbas, eu sou a favor de que tenha uma postura pedagógica no país progressista, pois isso estimula o pensamento próprio, e tira algumas falhas do nosso modelo de educação. Não acho que notas provem nada, assim como as avaliações não provam, é um esquema falho. Porem debates, produções de texto, seminários são muito mais produtivos. Um sistema que tenda que cada um tem seu tempo, duas pessoas da mesma idade não tem a mesma capacidade intelectual, as salas deveriam ser ajustadas conforme a capacidade intelectual de cada um. Não vou levar a conversa pra esse lado porque entraremos num outro campo que ai sim eu acho que o governo tem maior responsabilidade.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Dia 17 de Junho de 2013, foi histórico, isso não é um absurdo!

Segunda-Feira, Dia 17 de Junho de 2013. Um dia que marcou o país. Uma geração aparentemente adormecida em sua maioria levanta e vai paras as ruas gritar contra os abusos que a tempos a gente vive. Eu estava lá, eu senti a emoção, eu gritei, vibrei, participei da democracia, venci aquele desanimo que alguns transmitiam dizendo que de nada adiantaria ( a maldita apatia de sempre), acreditei, convoquei meus conhecidos para irem também, não pude ir no inicio da manifestação, fiquei bravo, depois consegui ir pensando que não pegaria o protesto inteiro acabei andando 3 horas.

Não se pode falar de uma manifestação sem ter ido em uma. Só da pra saber da sensação experimentando-a (obvio). Protestar me deu uma sensação de quebrar correntes, me senti um a gente ativo da sociedade capaz de mudar o rumo das coisas. Porém antes de descobrir essa sensação tive peripécias.

Após o Abuso da tropa de choque na Quinta-Feira dia 13 eu senti que não poderia deixar aquilo daquela maneira. Eu não sou mais bobo ( isso tem um tempo já) de acreditar em tudo que a mídia diz, há sempre mais lados ( acho que o maior problema das pessoas é não ter essa consciência, dai as pessoas são contra ou a favor do PT, por exemplo, sem ter um argumento próprio), já desconfiava do abuso da policia nas manifestações anteriores, mas o caso de Quinta foi criminoso demais! Eu fiquei inquieto precisava lutar, ainda mais porque no dia 13 eu quase estive no protesto, só não conseguir chegar até ele porque fecharam todos os metros, se não fosse por isso eu também teria levado borrachada! Quando soube do protesto de Segunda eu senti a pátria me chamar, e quando a pátria chama só os covardes recuam! E os covardes não são dignos dessa terra!

O protesto começava as 17 horas, porem saio do trabalho as 19:30. Na Quinta essa questão de horário me atrapalhou! Tentei dar um jeito para sair mais cedo e não consegui. Senti raiva, pois era o chamado da pátria, e eu o havia ignorado por causa do trabalho. O que é um erro! A pátria tem que estar acima de tudo! Porem pra mim isso acaba sendo só nas palavras.

Quando o relógio foi se aproximando das 19:00 eu comecei a me animar, me comuniquei com todos os amigos que estavam protestando, ouvia apaixonadamente o rádio que noticiava tudo que estava acontecendo! As 19:15 Igor vai até o meu trabalho e diz "Vamo agora Caião" e então eu fui.

No caminho para o Largo da Batata fizemos amizade com um outro grupo e fomos juntos. Um objetivo em comum une as pessoas e foi isso que pude perceber durante todo o protesto, as pessoas realmente estavam unidas sem se importar com diferenças, ali no meio da multidão somos todos iguais, ali a utopia democrática realmente existia! As únicas pessoas que realmente não gostavam daquilo, era uma minoria que estava presa dentro dos seus carros.

O mar de gente que se estendia era lindo de se ver, não se via começo e nem fim, e olha que eu comecei no fim, só olhei pra trás depois da primeira hora de caminhada e já não se via o fim.

Eu gostaria de escrever melhor sobre isso, acontece que estou com outras preocupações e outras ideias que preciso escrever agora, bom qualquer hora eu narro isso de forma mais detalhada.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Como melhorar nossos protestos, isso não é um absurdo!

Todos esses protestos são muito bonitos de serem vistos, o povo se uniu em prol de algo maior, vejo muita coisas boas nisso tudo, porem acho bom aproveitar esse inicio para que questionemos algumas coisas, para gente refletir e criar uma ideologia concreta e não um amontoado de reclamações.

Há quem pense que a saída da Dilma resolverá os problemas com argumentações formadas por Rede Globo e Veja. Pera ai, não foram essas duas mídias a se voltarem contra o movimento passe livre escrevendo calunias? Como pode você manifestante ainda acreditar em tudo que foi dito por eles. Será mesmo que houve mensalão ou foi mais uma manipulação? Não vejo o governo da Dilma como uma maravilha, mas basta que me responda uma pergunta para ver que ele caminha pra frente: O Brasil de 2002 era melhor que o de 2013? Acho que não. Lula salvou o plano real, que foi uma coisa boa feita pelo FHC, todos os governos tem seus acetos e erros e uma questão de prioridades e o Lula priorizou o miserável, e fez muito bem feito! Nós temos que acabar com essa defasagem entre as classes.

O patriotismo é coisa rara, eu me pergunto se realmente as pessoas que estavam ali dariam a própria vida pelo Brasil. Não acredito que apenas sair nas ruas seja um demonstração de patriotismo, é apenas o incio, mas eu sinto falta de gritos que louvem a nossa pátria! Gritos de paixão por esse país e por esse povo! Os Gaúchos são exemplos de patriotas natos! Há um inicio de patriotismo sim! Mas não pensem que são patriotas, eu tenho quase certeza que a maioria não é. Patriotismo é você amar o chão que você pisa, é se doer se alguém fala mal do nosso país, é sentir raiva se desrespeitam a bandeira, é abrir mão de si pela pátria, é boicotar qualquer país que zombe do nosso, no entanto a gente até ri quando tiram sarro da gente! Patriotismo é de quase fanático ao fanatismo! Vamos Gritar BRASIL, vamos cantar o hino da bandeira, hino da independência, o hino nacional e criar o nosso hino!!!

A maior insensatez é protestar contra a copa do mundo agora que a maioria dos estádios estão prontos e que muito dinheiro foi gasto, a copa não acontecer aqui seria uma tragédia! Quando o Brasil se candidatou lotaram locais públicos para comemorar, quando na verdade deveria ter sido protesto contra naquela época! Agora vocês são contra. Não entendo. O que poderíamos fazer agora é cobrar respostas pelo superfaturamento com o estádios e o planejamento de como eles podem dar algum tipo de retorno a sociedade, alem do que eles já deram com a geração de empregos! Agora é tarde, tem que ter copa no Brasil.

Sobre o Bolsa Família nem vou me estender muito, os números VERDADEIROS falam por si. Só Burgueses, Tucanos e as Mídias de sempre tentam desmoraliza-lo. Pesquise antes de fala merda, não venha com achismo, nem opinião, venha com argumentos, afinal todos queremos a mesma coisa: Um país melhor, não é uma questão de partido.

Sinto falta de um manifesto ideológico, que mostre pelo quê lutamos de forma mais concreta. O que eu vejo é gente falando dos problemas sem buscar solução. É gente defendendo um monte de coisas e tudo se torna um amontoado de reclamações. Precisamos nos organizar melhor. Bom se queremos reforma politica, como organizar isso, seguindo a nossa realidade econômica e social? Como melhorar a sociedade em si? Acredito que o começo de tudo é com uma reforma nos meios de comunicação, pois informação de qualidade é vital, depois não sei especificamente para onde, preciso refletir mais. O fato é que um manifesto bem pensando e planejado em seus mínimos detalhes, entendo que são questões complexas que não podem ser resolvidas de forma fácil e simples, nem da noite pro dia, nos ajudaria a indicar o que queremos que seja feito de forma concreta e não vaga. Acabar com a corrupção é um coisa vaga, o como fazer isso é que preenche o vazio.

As pessoas que vão por embalo e que dizem coisas bonitinhas nas redes sociais, e colocam fotos no protesto para APARECER, devem ser contaminadas com esse etos revolucionário, devemos manipula-las de modo positivo, usar o gado a favor dele mesmo, devemos fazer o possível para que o gado se liberte e fique cada vez menor.

Não vou comentar as coisas positivas, pois são tão evidentes que não é preciso que se fale. E possivelmente esqueci de escrever sobre outras coisas do lado negativo, porem já é tarde então começo a finalizar essa postagem. ( Sei que é desnecessário escrever esse tipo de coisa, mas vou insistir nisso).

Sou apenas um cara de 22 anos que gosta de ler de poesia a filosofia e estuda teatro, não tenho conhecimentos profundos em nada do que eu falei. Não quero ser dono de nenhuma verdade (ficarei satisfeito e se alguém discordar e abrir meus olhos pra um outro lado). Apenas escrevi sobre reflexões do que venho observando. Vocês devem pensar por si e ler outras coisas. Leiam a Revista Caros Amigos e o livro Consumido do Benjamin Barber ( nesse livro destinado a sociedade norte americana, podemos ver os problemas que o capitalismo do etos infantilista causa na nossa sociedade).

Eu fui no protesto porque me sentiria um lixo se não fosse, eu fui porque eu acredito que é possível melhorar, fui porque amo o meu país e me dói quando vou ao mercado e percebo que não consigo encher um carrinho, quando peno pra conseguir pagar o aluguel, quando vejo que meu irmão não consegue emprego porque está na idade do Tiro de Guerra...mas me dói mais ainda ver nossa sociedade imbecilizada, cheia de apologias a ignorância. Então eis que surgem o protesto e vejo ai uma possibilidade de virarmos finalmente uma nação, de nos livrarmos das ideologias imbecis dos norte americanos! A superação é a marca do brasileiro, mas ainda não temo identidade...estamos buscando uma.







quinta-feira, 13 de junho de 2013

Isso é um absurdo?

Um dia depois de ter decidido a voltar com meu blog me aconteceu algo que devo registrar aqui. Mas primeiramente quero dizer que não acho mérito nenhum ter feito o que eu fiz, não quero me aparecer como um bom samaritano defensor dos pobres. A verdade é que eu sou um grande filho da puta, porem com consciência de dever. Eu ando buscando um distanciamento de certas coisas para não me tornar um imbecil, como a maioria dessa massa burra. O ato de ajudar é também um ato de egoísmo (não que eu ajude alguém pensando que algum Deus ira me mandar pro inferno ou pro paraíso cheio de mulheres com as tetas de fora), no fundo eu acabei buscando algo ali, procurava um fonte de inspiração, procurava perceber a essência do ser humano ali presente, queria aprender com ele, queria lhe que ele me olhasse nos olhos e que os olhos dele brilhassem. Eu estou buscando a abnegação de todo esse mundo materialista, eu quero o que o dinheiro não pode comprar, eu quero ser um produto do que eu sou e não da mídia, então naquele momento pouco me interessou se chegaria tarde na aula, se eu seria assaltado, não pensei em consequências, tive não pré conceitos, simplesmente estava ali presente, vivendo o que a vida tinha pra me oferecer e naquele momento ela me oferecia um senhor que não da pra sabe a idade ao certo, porem aparentava no mínimo 55 anos, tinha a barba rala, cabelos leve mente pretos e grisalhos, pele morena, marcada de sol, vestindo uma camisa branca, estilo embalo de sábado a noite, calça jeans capri, e um sapato preto semelhante a um sapato de sapateado, porem mais redondo. Carregava uma sacola branca com algum desenho verde, e falava com uma voz indecifrável e quase inaudível, era possível dizer que ele tinha problemas psicológicos, pois não agia dentro de um padrão.

Eu estava descendo a consolação para ir pra aula do Fernando Leal, andava perdido em pensamentos e numa esquina o tal senhor veio falar comigo, a dicção dele era péssima, o volume da voz era baixo e mal conseguia entender o que ele dizia. Algumas pessoas passaram e mal deram atenção, uma senhora parou e tentou me ajudar a entende-lo, e finalmente entendi que ele não sabia como atravessar para o outro lado da avenida, então indiquei-lhe o local de atravessar. Foi então que percebi que ele já sabia daquilo, mas tinha medo de atravessar ali, quando a senhora que parou para ajudar também percebeu fugazmente me olhou com um olhar sem graça e eu entendi o que ela queria dizer, ela não podia dispor do tempo dela para ajudar aquele senhor, não me surpreendi, fiz um apenas um gesto de que o ajudaria e que ela poderia continuar o seu caminho.

No meu intimo eu não queria ajuda-lo, por mim eu teria largado ele ali e teria ido pra minha aula, pois já estava em cima da hora e afinal outra pessoa poderia ajuda-lo, por que eu? Notei minha mediocridade a tempo, simplesmente eu não poderia fazer uma coisas dessas, não por nenhum principio politicamente correto, não sei bem explicar o porquê de eu ter resolvido ajuda-lo, eu simplesmente fiz o que tinha de ser feito!


Enquanto a gente tava na calçada do meio, o senhor queria me dar um blusa que tava amarrada no pescoço dele, evidentemente não aceitei, porem nesse momento ele deu uma olhada no meu blazer. Atravessada a avenida pretendia retomar meu rumo, porem a criatura que eu acompanhava me perguntou onde ficava a igreja da consolação ( levei tempo pra entender, parecia que ele falava coração, pensei que fosse uma igreja evangélica, o que me fez tomar o caminho oposto, sorte que a tempo eu consegui entende-lo) já que isso era no sentido que eu ia resolvi acompanha-lo, principalmente porque ele carregava uma sacola pesada, e eu tinha me oferecido para leva-la, o coitadinho era tão magrinho.

Fomos caminhado juntos, eu não sabia muito o que conversar com o senhor, eu entendia pouco o que ele falava, não consigo ser como essas pessoas que se acham superiores e bondosas e começam a falar de modo diferente com pessoas assim, não pra mim ele era um igual, e acabei não dizendo nada. Compartilhamos um momento de silencio juntos e eis que a criatura começou a falar, no inicio dizia algo sobre a chuva e o chão estar molhado, e eu lhe falei que adorava a chuva e que o ar estava ótimo e resolvi perguntar da onde ele vinha. Então a criatura desatou a falar. Foi ai que comecei a entender tudo ou não entendi nada, o mais provável é que tenha entendido parcialmente.

As palavras eram confusas eu não conseguia entende-las, era resmungos repetitivos, os gestos eram de um originalidade que seria impossível decifrar, e o olhar era fugitivo, ele não olhava na minha face para falar, principalmente pelo fato de estarmos andando. O que pude entender é que ele estava indignado com o irmão dele que o abandonara, que tiveram alguma confusão por causa de algum comodo da casa deles e ele foi colocado pra fora de casa...ele é morador de rua, pois falou algo sobre um albergue, eu acredito que há muito tempo que ele vaga pelas ruas...e na hora que eu encontrei-o ele tinha acabado de tomar banho na casa de um padeiro, pelo que entendi ele tava morto de fome foi até a padaria pedir 2 pãezinhos o padeiro comovido lhe deu banho, lhe fez a barba e lhe deu roupas... ele dizia " Isso é coisa de um ser humano fazer? Isso é coisa de um irmão? Eu não reconheço meu irmão! Isso não é certo...". Nesse meio tempo estávamos bem próximos da igreja já. Minha mão doía, foi nesse momento que percebi o quão pesado era aquela sacola, até então achava ameno seu peso. Troquei a sacola de mão.

A conversa mudou de rumo, ele falou alguma coisa sobre terem roubado o dinheiro dele, então perguntei desde quando ele morava em São Paulo, ele disse 70, preguntei a idade dele, ele não soube me responder, perguntei da onde ele tinha vindo, da Bahia, e ai ele começou a contar da terra natal dele, de como ela gostava do sitio que tinha galinhas, porco, vaca, boi, ovelha, bode e que o irmão dele tinha vendido tudo e que ele não tinha visto a cor do dinheiro, disse mais coisas confusas, então resolvi perguntar-lhe se ele tinha mulher e esse foi o melhor momento, foi um negocio de uma sinceridade, de um espirito realmente livre: " Que mulher!! Eu não gosto de mulher, mulher só quer saber do cara quando ele ta bem, mulher só quer dinheiro, eu gostava de umas raparigas, mas nunca casei, nunca quis saber de mulher!". Se você for um imbecil deve estar pensando que esse senhor é gay. Não ele não é! Simplesmente ele estava cansado, tão cansado que resolveu que não precisava de mulher pra viver! Isso é um ato de amor próprio. É de uma abnegação que eu não seria capaz.

No fim dessa conversa chegamos a igreja, ele apertou minha mão. Eu me lembrei que no caminho ele tinha comentado algo sobre frio, me lembrei de ele olhar meu blazer, dai eu realizei uma coisa que sempre quis. tirei o blazer e dei-o para ele! A criatura ficou surpresa, e em retribuição insistiu que eu ficasse com o casaco que ele tinha amarrado no pescoço, eu recusei, mas talvez não deveria ter recusado, mas enfim ele apertou minha mão novamente e nos despedimos. Fui para minha aula, mas no caminho eu senti uma vontade de chorar tão grande, eu segurei o choro, não sei porque chorava.

Vamos ao fatos, dar o blazer foi um gesto de abnegação, porem o blazer era barato e estava meio surrado, perguntei a mim se por acaso fosse um blazer mais caro e mais bem conservado se eu teria feito a mesma coisa, penso que ainda não seria capaz. Ajudar-lo a achar a igreja e atravessar a rua também não foi grande coisa, ele poderia ter feito isso sem mim. Talvez ouvi-lo tenha sido a melhor coisa que fiz por ele, mas ao falar ele também fez por mim. Eu alimentei minha alma, eu me senti bem, e coloquei a prova uma serie de mesquinhices. Então quem fez o bem pra quem? Foi uma troca, foi um algo mutuo.

Quero deixar bem claro que deixei de escrever algumas coisas por considerar que não devo compartilha-las. Estou escrevendo de madruga então eventuais erros são culpa do meu sono. Estou ainda absorvendo isso, me sinto mais livre. Também podem haver pedaços falhos, pois a minha memória não é boa para os detalhes...cheguei na aula 30 minutos atrasado.

Eu fico aqui imaginando que legal seria se esse senhor estivesse mentindo pra mim, que legal seria se quando eu mal tivesse virado as costas ele falasse para si " Sou ator pra caralho" e eu tolinho, achando que ele era um pobre coitado descubro que estava diante de um Marlon Brando perdido por ai! Seria sensacional, melhor que uma aula de interpretação!

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Estou de volta e isso é um absurdo !

Andei um pouco afastado do blog, mas muita coisa aconteceu e alimentei minha alma de coisas da essência do viver.


O ser humano está no auge da interatividade, dos laços de suas relações com as pessoas e o mundo, uma pena isso se limitar ao mundo virtual, no mundo real de hoje vivemos uma verdadeira solidão em sociedade, não sei se por medo ou orgulho, mas sei que existe uma barreira entre as pessoas que impede simples troca de olhares, singelos " bom dia".

Evitamos conhecer pessoas, evitamos...andamos evitando demais.